De um ponto de vista prático, boas qualidades também são necessárias, ou o aspirante não se qualificará como discípulo. Se ele não se qualificar como tal, não poderá ter um guru, pois mesmo que tenha um, não poderá tirar o máximo proveito de seu mestre. Certamente, se o Ser assim escolher, até mesmo o pior dos aspirantes pode se tornar o melhor dos discípulos instantaneamente, mas na maioria das vezes os aspirantes terão que adquirir boas qualidades para se qualificarem como discípulos.
Quais são essas boas qualidades? Primeiro de tudo: o discípulo deve estar convencido de que seu Guru é o Senhor Supremo aparecendo como uma pessoa dotada de um corpo físico, etc. Se ele considerar que seu guru está abaixo do próprio Senhor Supremo, ele não alcançará a liberação final. Isso é difícil de entender, mas estou falando a verdade. Os discípulos que acreditam que seu guru não é uma encarnação do Senhor Supremo, não são realmente discípulos, mas meras pessoas ao redor do corpo físico desse Guru. Eles estão lá como animais ao redor de um ser humano. Imagine animais de estimação ao meu redor enquanto escrevo todos esses ensinamentos espirituais em meu computador e essa é uma boa representação de como essas pessoas se comportam ao redor de seu Guru.
Elas não têm ideia de o que é o Guru e não têm ideia de o que ele está fazendo. Então, elas devem dotar seus egos (suas individualidades inventadas na forma de “Eu sou João”, “Eu sou Joana”, etc) de boas qualidades.
Guru Gabriel Pradīpaka em O Paramārthasāra de Abhinavagupta